quinta-feira, dezembro 25, 2014

O Natal Acontece a Cada Conversão?

"Ora o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes de se ajuntarem, achou-se ter concebido do Espírito Santo" (Mateus 1.18).

Em nossos  dias o período natalino gira em torno de compras, vendas, papai noel, boas ações e coisas afins. Diante disso, muitos têm se esforçado para que as pessoas retornem ao sentido genuíno do natal: o nascimento de Cristo Jesus. É por isso que vemos cantatas e pregações natalinas em muitas igrejas. Entretanto, mesmo nos eventos realizados em congregações cristãs, deparamo-nos com alguns ensinos problemáticos acerca do natal. Neste texto, gostaria de tratar sobre um pensamento equivocado que ouço há muito tempo, a fim de que não caiamos em erro - mesmo que seja inconscientemente.

Ao fim de cantatas de natal é comum ouvirmos a seguinte frase: "lembrem-se, o natal acontece todas as vezes que Jesus nasce no nosso coração" - ou algo semelhante. Particularmente, eu já ouvi tal ideia inúmeras vezes. Entretanto, seria bíblico pensar dessa maneira? Podemos falar de não somente de um natal, mas de tantos quantos forem os cristãos no mundo inteiro?

Pela Palavra de Deus, vemos que conceber o natal desse modo é errado. Notemos a objetividade da revelação bíblica nas palavras de Mateus: "Ora o nascimento de Jesus Cristo foi assim..." Tal simplicidade em narrar o acontecimento do nascimento de Jesus Cristo é de fundamental importância para a nossa breve análise. Porque a narração feita por Mateus demonstra que o natal é um fato histórico; sendo, portanto, objetivo e único. Ou seja, "vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei" [1]; "e o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade" [2] são fatos que ocorreram na história apenas uma vez. Dessa forma, embora Cristo Jesus não tenha nascido no dia 25 de dezembro, é importante sim que comemoremos o natal. Porque Deus o Pai enviou Seu Filho Unigênito a este mundo e o Filho encarnou e habitou entre nós, pela concepção miraculosa no ventre da virgem Maria operada pelo Espírito Santo, em um dia definido e certo.

Diante disso, entendemos que a objetividade e a historicidade do natal estão intimamente relacionadas à nossa fé. Porquanto, se a nossa fé descansasse em algum tipo de subjetividade ela seria tão duvidosa quanto o seu fundamento. Mas, graças a Deus pelo natal. Graças a Deus por ser fiel. Pois no tempo certo da história, pôde-se ouvir tamanha maravilha: "Não temais, porque eis aqui vos trago novas de grande alegria, que será para todo o povo, pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor" [3].

Além da subjetividade que a ideia de "natal é quando Jesus nasce no nosso coração" traz, outro problema é a imaturidade acerca da Pessoa de Cristo. Não podemos achar que o menino Jesus nascerá em nosso coração, amadurecerá e se desenvolverá em nós à medida que crescermos na fé. Isto é bobagem. Jesus Cristo não é mais um menino; Ele já cresceu e está à destra do Pai nas alturas [4]. 

Outra questão, também, é sobre a confusão entre natal e conversão. Sinceramente, penso que muitos irmãos que usam a frase sob análise neste texto querem enfatizar, mesmo que inadequadamente, a relevância do natal para o evangelismo e a conversão a Cristo. Então, aprendamos com a Bíblia que o natal não ocorre a cada conversão, e sim que, por causa do natal, o novo nascimento (regeneração), evidenciado na genuína conversão a Deus é plenamente possível. Nas palavras do apóstolo João:

"Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas a todos quantos o receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus: aos que creem no seu nome" [5].

Desejo a todos os leitores deste blog um abençoado natal. Que Deus os abençoe na Pessoa do Deus-Homem, o Senhor Jesus Cristo.

Que Deus seja glorificado.

Notas:
[1] Gl 4.4.
[2] Jo 1.14.
[3] Lc 2.10,11.
[4] Mc 16. 19.
[5] Jo 1.11-12.

Nenhum comentário: