quarta-feira, dezembro 28, 2016

Ótimas leituras de 2016

Ler é fundamental. É imprescindível. Pare. Pense. Se você quer viver bem e para a glória de Deus, você necessita se engajar em bons livros!

Claro, ler bons livros não é todo o caminho para vivermos bem. Precisamos da graça de Deus. Contudo, não podemos nos enganar: sem nos engajarmos na leitura bíblica e na leitura de bons livros, nossa vida será medíocre.

Livros são dignos do adjetivo "bons" quando eles nos transformam. Ou pelo menos são instrumentos para isso. Com eles: aprendemos coisas novas de maneira consistente e ordenada; rimos e choramos de maneira saudável; enxergamos erros que precisam ser corrigidos; exercitamos bem a nossa mente pela criatividade e reflexão profundas. Em suma, um bom livro é vida.

Pela graça de Deus, este ano de 2016 foi marcado pela leitura. Nunca havia lido tantos livros em um ano. Para mim, isto não é motivo de orgulho. É motivo de temor. "[...] A qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá" (Lc 12.48), são as palavras do Senhor Jesus.

Pois bem, gostaria de compartilhar com os prezados leitores alguns dos livros que mais me marcaram neste ano. Eles não são apresentados em ordem de importância. Tentei organizá-los em categorias. (Não chamei este texto de "top 10" porque simplesmente não quis ser injusto com as leituras que ficaram de fora da lista.)

(Aproveito para lembrar-vos de nossa meta de leitura deste ano: 24 livros (2 livros por mês). Se você foi influenciado pelo texto Como Finalizar Mais de 100 Livros em 2016 (e alguns comentários próprios), por favor, deixe o seu comentário sobre os livros que você leu.)

Vida Cristã


1. Russell Shedd. O mundo, a carne e o diabo (Vida Nova, 1995). 

Terminei este livro ontem à noite e ele já entrou para o meu hall da fama. O Dr. Russell Shedd consegue unir várias virtudes em sua escrita: é objetiva (este livro e Lei, graça e santificação, também lido neste ano, têm 120 páginas em média), simples, precisa (até as referências citadas por ele são fantásticas), pastoral e encorajadora. Ele não escreve como se estivesse apenas despejando seu vasto conhecimento em linhas. Não. Shedd é um maduro guerreiro de Cristo que nos mostra com acurácia os perigos que nos cercam. Ele é um capitão que nos instrui em como devemos combater o sistema maligno do mundo, nossas próprias inclinações pecaminosas herdadas de Adão (a carne) e o inimigo de nossas almas: o diabo. A abordagem de Shedd é simples: definir o inimigo (mundo, carne e diabo), mostrar suas estratégias de combate (secularismo, independência de Deus e mentira, por exemplo) e a solução bíblica, revelada por Deus, para vencermos o inimigo. Como não poderia ser diferente, a união com Cristo e o uso correto da Palavra de Deus são o fundamento das soluções apresentadas pelo irmão Shedd. Por favor, adquira este e outros livros deste amado irmão que foi para a glória neste ano. Sem dúvida, você não se arrependerá.

Excertos:

"Não é verdade que todo prazer seja pecado. Foi Deus quem inventou o prazer, e não o diabo, mas a fonte e o objetivo do prazer devem ser cuidadosamente avaliados." (33)

"O potencial que o mundo tem para nos enredar está em proporção inversa ao nosso prazer e gozo no Senhor. Se nos cansamos da comunhão com Ele, se a 'alegria do Senhor' (Fp 4.4) não passa de uma vaga lembrança, então o mundo pode nos seduzir facilmente, como um homem simpático, de boa aparência e palavras suaves, enreda a mulher ressentida, carente de convicção moral, há muito tempo separada do marido." (45)

"Mas a carnalidade ultrapassa as paredes da igreja local. Algumas denominações evangélicas, dentro e fora do Brasil, pensam que são os únicos cristãos verdadeiros. Quem não apoia [nova ortografia] integralmente sua doutrina, usos e costumes é como parceiro de Satanás. Em vez de se estruturar em torno da coluna da verdadeira 'fé que uma vez por todas foi entregue aos santos' (Jd 3), eles se mantêm coesos unicamente pela luta agressiva contra os evangélicos que não aderem a seu partido." (66-67)

2. A. W. Tozer. Os perigos de uma fé superficial (Graça, 2014). 

Este livro faz parte de uma série publicada pela Graça Editorial. Ainda não adquiri todos da coleção, mas pelos três que já li, vale a pena tê-la em casa. Cada livro é independente. Sobre este livro, é uma leitura recomendadíssima. Tozer é o tipo de escritor que vem para nos mostrar o quanto ainda precisamos amadurecer em Cristo Jesus e nas coisas de Deus. Ele nos mostra a importância de levarmos a sério os meios de graça (leitura bíblica, oração, pregação da Palavra, etc.) e a disciplina cristã.

Excerto:

"Lutas são sempre decididas antes de serem disputadas. Você pode escrever essa frase sobre o seu coração ou guardá-la na memória, e a história e a biografia do mundo a apoiarão. [...] As tentações, muitas vezes, chegam de modo inesperado e sutil. Contudo, ainda que sejam assim, as orações antecipatórias preparam a alma para o que possa vir.

"Foi no dia que Davi andou no telhado que ele caiu na trágica e vergonhosa tentação com Bate-Seba? Não, foi durante um longo intervalo de tempo não registrado [pelas Escrituras] que os historiadores dizem ter-se passado antes disso, [período no qual] eles não sabem o que Davi estava fazendo. Contudo, eu sei o que Davi não estava fazendo: aquele rei não estava esperando no seu Deus nem olhando para as estrelas e dizendo: Os céus proclamam a glória de Deus (Sl 19.1a - ARA).

"Sim, ele o fizera antes, mas, agora, não mais. Davi caiu porque todo o peso das semanas desperdiçadas antes dessa tentação lhe sobreveio. A tentação não pode tocá-lo se você a tiver antecipado por meio da oração, mas certamente o fará tropeçar se não houver essa precaução." (261, 268-269)

3. Fabrini Viguier. Ser homem (Thomas Nelson Brasil, 2015).

Talvez você nunca tenha ouvido falar deste autor. Normal. Antes de encontrar este livro num evento em minha cidade, ele era um total desconhecido para mim também. Na internet, você encontrará que este livro é um best-seller da categoria "auto-ajuda". Isso pode lhe deixar receoso, certo? Acho que é por essa possível rejeição que o livro possui um prefácio escrito por Russell Shedd - que diz que se tivesse lido este livro antes, evitaria alguns erros em seu casamento - e duas apresentações, sendo a primeira escrita por Hernandes Dias Lopes. Fabrini é um exemplo de que se pode fazer uma obra prática, motivacional e de fato bíblica. Ele trata de vários relacionamentos em que um homem se envolve. Vale a pena. Espero concluir a releitura deste livro até o fim do ano.

Excerto:

"Os homens precisam de seus amigos. É nessa coletividade, nessa confraria de valores, normas e condutas que desenvolvem o senso de masculinidade. É entre eles que fortalecem o sentimento de grupo, de turma, de galera. Até porque a Trindade também é provida dessa importância. Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo interagem entre si com harmonia, embora cada um tenha sua função. Homens agrupados podem servir de espelho, de alerta, de referência. Podem ser sinalizadores do que esteja tomando um rumo certo ou errado. Escolher as companhias certas trará o melhor resultado." (50-51)

Teologia Sistemática

4. Paulo Anglada. Imago Dei (Knox Publicações, 2013).

Neste ano, ocorreu uma maratona de Paulo Anglada. Li a sua trilogia de teologia sistemática (TS), da qual Imago Dei é o último volume. Paulo Anglada faz o que é difícil vermos em livros de TS: apresentar as doutrinas cristãs de maneira profunda e sucinta. Esta série é uma ótima introdução (robusta) à TS, de uma perspectiva reformada. Se você nunca leu Anglada nesta área, seria uma boa pedida para 2017.





Evangelho/evangelismo

5. David Platt. Siga-me (Thomas Nelson, 2013).

Geralmente, gostamos de ler sobre temas dos quais já possuímos certa propriedade. Queremos nos refinar. Isso é bom. Porém, precisamos ser "retirados de nossa zona de conforto". Necessitamos de livros que nos confrontem. Eis um exemplo disso: David Platt. A sua vida evangelística nos deixa desconcertados. Siga-me é simples: ele começa abordando o Evangelho e as doutrinas fundamentais da fé cristã. Após isso, ele trata das implicações de ser um seguidor de Jesus. A principal delas: discípulos fazem discípulos. O que me chamou bastante a atenção foi o que Platt chama de "costurar fios do evangelho". Abaixo, cito um trecho em que ele fala de como irmãos evangelizam muçulmanos. Este livro é leitura obrigatória.

"[...] Eles simplesmente tentam saturar todas as suas interações com vários fios do evangelho, como ao entrelaçar vários fios coloridos em uma colcha. Eles oram para que Deus, no tempo certo, abra os olhos dos homens e das mulheres ao redor de si para que enxerguem a tapeçaria do evangelho e venham a Cristo." (Como li na versão Kindle, não sei o número da página :-) )     

Biografia

6. Steven Lawson. O foco evangélico de Charles Spurgeon (Editora Fiel, 2012).   











7. Douglas Bond. A poderosa fraqueza de John Knox (Editora Fiel, 2011).

Não somos os últimos dos moicanos. A igreja não começou conosco. Precisamos aprender com os antigos. Conclusão: a leitura de biografias deve fazer parte de nossa dieta literária. Esta série publicada pela Editora Fiel é interessante. Vale a pena acompanhá-la. 






Ficção

8. J. R. R. Tolkien. Os filhos de Húrin (WMF Martins Fontes, 2009).

Preciso confessar: não havia lido nada de Tolkien até este ano. É verdade, concordo com você, isso é um problema sério. Mas tomei as medidas necessárias. Espero estar falando de novos livros de Tolkien que li pelos próximos 5 anos, se Deus permitir :-) Sendo direto: se você quer uma história bem desenvolvida, de altos e baixos (mais baixos do que altos): não deixe de ler este livro. Dizem que é um dos contos mais sombrios de Tolkien. Só posso dizer que a história é triste mesmo. Ah, tome cuidado com a lábia de Glaurung. Ele não é um dragão confiável (se é que existe algum).


9. John Milton. Paraíso Perdido (Martin Claret, 2006).

Uma leitura grandiosa. No início, há certa dificuldade para se concentrar na leitura. Contudo, depois de umas 60 páginas você já estará acostumado. Vale a pena forçar. Você não se arrependerá. Milton passa a emoção correspondente ao período do qual está se tratando. Ou seja, ao falar de Adão e Eva enquanto inocentes, as descrições são grandiosas; porém, ao falar deles após a queda, você sente o "baque" do texto: É muito bom. Uma ótima reflexão sobre a criação e a queda. 




10. L. L. Wurlitzer. As Crônicas de Olam (Vol. 2): Mundo e Submundo (Tolk Publicações: Fiel, 2016).

Chegamos à obra mais esperada por mim neste ano. Não irei falar muito deste livro porque oráculos antigos dizem que este blog produzirá uma resenha dele, por um de nossos editores. Esperemos. Mas o que posso dizer é o seguinte: é fantástico, bem escrito, emocionante, divertido, traz reflexões importantes e é show! Se você ainda não leu o Vol. 1 (Luz e Sombras), por favor, faça um favor a si mesmo: adquira-o já. Você curtirá bastante. Uma palavra final: ler ficção é importantíssimo. Não caia na armadilha de que um bom leitor só lê textos complicados, pesados e super volumosos. Ler uma boa ficção descansa a mente, aguça a sua criatividade e lhe concede uma diversão saudável. Louve a Deus por um atributo especial com o qual ele nos dotou: a criatividade!

Excerto:

"- Toda leitura é um processo que envolve quem escreveu, o que está escrito e quem lê. É uma espécie de choque de mundos. O mundo do leitor e o mundo do escritor se chocam, misturam-se durante a leitura e criam um novo mundo; este não é apenas o do escritor nem o do leitor, mas, de certo modo, outro mundo." (63-64)

Que o Senhor nos ajude a aplicar com sabedoria tudo de bom que aprendemos neste ano. Graças a Deus por tudo.

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